{"id":29115,"date":"2019-12-13T20:32:08","date_gmt":"2019-12-13T20:32:08","guid":{"rendered":"https:\/\/arteejardim.casahost.com.br\/pura-magia-revista-natureza\/"},"modified":"2023-10-24T21:49:11","modified_gmt":"2023-10-24T21:49:11","slug":"pura-magia-revista-natureza","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/arteejardim.com.br\/pura-magia-revista-natureza\/","title":{"rendered":"Pura magia – Revista Natureza"},"content":{"rendered":"

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Rara e cara, a Cattleya walkeriana<\/em> \u2018Feiticeira\u2019 encanta com sua cor intensa e forma impecavelmente sim\u00e9trica<\/em><\/p>\n

TEXTO HELO\u00cdSA CESTARI<\/strong> | FOTOS VALERIO ROMAHN<\/strong><\/p>\n

Pergunte a qualquer orquid\u00f3filo qual a mais perfeita das Cattleya walkeriana<\/em>. A resposta ser\u00e1 sempre a mesma: a \u2018Feiticeira\u2019. O motivo? Al\u00e9m de encantar pelo tamanho, pelo perfume e pelo intenso tom de lil\u00e1s, as flores do cultivar apresentam uma simetria t\u00e3o perfeita que viraram refer\u00eancia para o julgamento das Cattleya walkeriana<\/em> em exposi\u00e7\u00f5es e concursos. Junte a isso o fato de ela s\u00f3 ter sido encontrada uma vez na natureza e ser imposs\u00edvel de reproduzir em s\u00e9rie, e fica f\u00e1cil entender por que \u00e9 t\u00e3o valorizada.<\/p>\n

\u201cNa \u2018Feiticeira\u2019, as duas p\u00e9talas na parte de cima se tocam, formando uma esp\u00e9cie de gota d\u2019\u00e1gua. Isso n\u00e3o \u00e9 comum nas walkerianas. O lil\u00e1s dela tamb\u00e9m \u00e9 muito forte. Mas o que a tornou famosa mesmo foi a forma arredondada e a configura\u00e7\u00e3o geom\u00e9trica perfeita de suas flores, com dois tri\u00e2ngulos iguais. Em outras variedades, o tri\u00e2ngulo formado pelas tr\u00eas s\u00e9palas \u00e9 menor\u201d, explica o especialista Erwin Bohnke, da EB Orqu\u00eddeas.<\/p>\n

O feiti\u00e7o do caboclo<\/strong><\/p>\n

Tudo come\u00e7ou na d\u00e9cada de 1960, em Sete Lagoas, MG. O orquid\u00f3filo Jos\u00e9 Dias de Castro viu sobre a mesa da casa do explorador e sapateiro Z\u00e9 do Mato uma flor da \u2018Feiticeira\u2019 cortada. Encantado, quis saber a qual orqu\u00eddea ela pertencia e o caboclo, muito esperto, respondeu que n\u00e3o tinha como saber, pois a havia colocado em um saco junto com outras orqu\u00eddeas coletadas na mata. Com essa desculpa, assegurou a venda de todas as plantas do saco a Castro, que ainda teve de esperar que cada uma delas florescesse para descobrir a qual delas pertencia a tal flor \u00fanica.<\/p>\n

Quando ela finalmente se revelou, Castro perguntou ao amigo Orestes Loboda, outro apaixonado por orqu\u00eddeas: \u201cN\u00e3o \u00e9 um feiti\u00e7o?\u201d. Igualmente vidrado pela novidade, o colega n\u00e3o apenas concordou como sugeriu cham\u00e1-la de \u201cFeiticeira\u201d.<\/p>\n

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Al\u00e9m da forma perfeita da flor, o perfume e o impressionante tom de lil\u00e1s fazem da Feiticeira uma orqu\u00eddea pra l\u00e1 de especial<\/figcaption><\/figure>\n<\/div>\n

De l\u00e1 para c\u00e1, os feiti\u00e7os dessa Cattleya<\/em> s\u00f3 cresceram. Para come\u00e7ar, ela nunca mais foi vista na natureza, suas sementes s\u00e3o est\u00e9reis e a clonagem por meio de meristemas tem fracassado no intuito de produzir exemplares t\u00e3o perfeitos quanto a \u2018Feiticeira\u2019 original. A explica\u00e7\u00e3o est\u00e1 em uma altera\u00e7\u00e3o natural no n\u00famero de cromossomos da esp\u00e9cie. \u201cEla tem uma muta\u00e7\u00e3o gen\u00e9tica, chamada aneuploidia, que a impede de ser usada como matriz para a multiplica\u00e7\u00e3o em grande escala. Isso porque os clones tendem a n\u00e3o ser t\u00e3o perfeitos quanto a planta original, que ainda apresenta uma certa dificuldade de cultivo\u201d, explica Bohnke.<\/p>\n

Como a \u00fanica forma de multiplic\u00e1-la \u00e9 por divis\u00e3o da planta m\u00e3e, o pre\u00e7o dos exemplares \u00e9 alto e voc\u00ea dificilmente encontrar\u00e1 um \u00e0 venda em um garden center. \u201cS\u00f3 colecionadores t\u00eam \u2018Feiticeiras\u2019. Hoje, quando se encontra uma muda \u00e0 venda na internet, por exemplo, trata-se de uma planta produzida por meristema em laborat\u00f3rio, ou seja, um clone sem garantia alguma de que v\u00e1 produzir uma flor excepcional\u201d, diz o produtor da EB Orqu\u00eddeas, que completa: \u201cO corte da planta original pouca gente tem, e quem tem n\u00e3o vende por menos de R$ 1.000 cada pseudobulbo\u201d<\/p>\n

\u00c9 o caso do Orquid\u00e1rio Imirim, em S\u00e3o Paulo. A planta original est\u00e1 \u00e0 venda no site www.orquidarioimirim.com.br<\/a> por R$ 4.500, e h\u00e1 outras brotando para mais cortes. De acordo com Ronaldo Sabino, s\u00f3cio-propriet\u00e1rio do orquid\u00e1rio, o exemplar foi adquirido diretamente de um amigo de Castro. <\/p>\n

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Como a feiticeira s\u00f3 foi encontrada uma vez na natureza e n\u00e3o pode ser multiplicada por clonagem, a \u00fanica forma de se ter a esp\u00e9cie \u00e9 comprando uma muda obtida a partir da divis\u00e3o da planta original. A reprodu\u00e7\u00e3o \u00e9 lenta, e cada muda n\u00e3o sai por menos de R$ 1.000<\/figcaption><\/figure>\n<\/div>\n

Depois que \u00e9 feita a divis\u00e3o, \u00e9 necess\u00e1rio aguardar um tempo, que pode variar de dois a tr\u00eas anos, at\u00e9 que seja poss\u00edvel ter uma nova muda. \u201cJ\u00e1 tivemos vasos com mais de 30 bulbos, mas a \u2018Feiticeira\u2019 n\u00e3o aceita cortes cont\u00ednuos. Regride e a reposi\u00e7\u00e3o \u00e9 demorada\u201d, diz Sabino, que ainda aconselha sacrificar a primeira e at\u00e9 a segunda florada a fim de que a planta pegue realmente for\u00e7a para mostrar toda a qualidade de sua flor.<\/p>\n

Pra n\u00e3o errar<\/strong><\/p>\n

Caso voc\u00ea seja um desses felizardos que possuem um exemplar de \u2018Feiticeira\u2019, cultiv\u00e1-la corretamente \u00e9 fundamental para n\u00e3o perder uma variedade t\u00e3o rara de orqu\u00eddea. \u201cAssim como qualquer outra Cattleya walkeriana<\/em>, ela n\u00e3o gosta de crescer em vaso, a n\u00e3o ser que se coloque um toco de madeira dentro de um vaso de barro baixinho, pr\u00f3ximo do ch\u00e3o, e cheio de furos\u201d, comenta Bohnke. \u201cO que as walkerianas<\/em> geralmente mais gostam \u00e9 de uma placa de peroba ou cascas de \u00e1rvores bem rugosas\u201d, completa Sabino. <\/p>\n

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Sandra Ori (publicada originalmente no volume 9 da Cole\u00e7\u00e3o Rubi \u2013 Orqu\u00eddeas da Natureza)<\/figcaption><\/figure>\n<\/div>\n

O substrato tamb\u00e9m deve ser bem arejado, com aduba\u00e7\u00e3o foliar adequada, e o clima ideal \u00e9 o tropical de altitude. \u201cO ambiente deve ser quente e seco durante o dia e com boa queda de temperatura \u00e0 noite, quando a umidade relativa do ar tende a se elevar\u201d, ressalta Bohnke, que n\u00e3o tem um exemplar, mas, assim como todo apaixonado por orqu\u00eddeas, j\u00e1 se deixou enredar pelos feiti\u00e7os da planta.<\/p>\n

Sabino tamb\u00e9m ressalta o aroma e a import\u00e2ncia de haver alta luminosidade. \u201c\u00c9 uma planta de locais mais secos, que sobrevive com o sereno da noite, e suas flores geralmente t\u00eam um maravilhoso perfume.\u201d <\/p>\n

Seja qual for o \u201cfeiti\u00e7o\u201d, o fato \u00e9 que, at\u00e9 hoje, todos os exemplares deste cultivar de walkeriana<\/em> encontrados no mercado descendem daquela mesma orqu\u00eddea descoberta por Jos\u00e9 Dias de Castro h\u00e1 mais de meio s\u00e9culo. Desde ent\u00e3o, o \u00fanico meio poss\u00edvel de multiplica\u00e7\u00e3o consiste no demorado processo de divis\u00e3o da planta original. E assim, de divis\u00e3o em divis\u00e3o, ela vai enfeiti\u00e7ando orquid\u00f3filos e arrebatando os cora\u00e7\u00f5es de colecionadores do Brasil e do mundo com sua cor, fragr\u00e2ncia e formato \u00fanicos.<\/p>\n<\/p><\/div>\n

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