{"id":27973,"date":"2019-05-14T20:42:32","date_gmt":"2019-05-14T20:42:32","guid":{"rendered":"https:\/\/arteejardim.casahost.com.br\/hormonio-vegetais-as-auxinas-jardineiro-net\/"},"modified":"2023-10-24T21:49:15","modified_gmt":"2023-10-24T21:49:15","slug":"hormonio-vegetais-as-auxinas-jardineiro-net","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/arteejardim.com.br\/hormonio-vegetais-as-auxinas-jardineiro-net\/","title":{"rendered":"Horm\u00f4nio Vegetais: As Auxinas – Jardineiro.net"},"content":{"rendered":"

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Charles Darwin<\/figcaption><\/figure>\n

Nessa s\u00e9rie de artigos, voc\u00ea vai conhecer um pouco mais sobre os horm\u00f4nios vegetais e a aplica\u00e7\u00e3o pr\u00e1tica deles na produ\u00e7\u00e3o vegetal<\/a>. Pra come\u00e7ar, vamos entender um pouquinho sobre o conceito de horm\u00f4nio<\/a> vegetal: Nas plantas, os horm\u00f4nios tem um efeito de regula\u00e7\u00e3o do crescimento e desenvolvimento das plantas. Eles s\u00e3o tamb\u00e9m chamados de fitohorm\u00f4nios, para diferenciar dos horm\u00f4nios animais que j\u00e1 conhecemos. O conhecimento sobre os horm\u00f4nios das plantas \u00e9 super recente e pouco se sabe sobre eles. Por outro lado, \u00e9 prov\u00e1vel que nos pr\u00f3ximos anos, muitas descobertas neste sentido sejam realizadas.<\/p>\n

Os primeiros horm\u00f4nios que vamos falar s\u00e3o as auxinas. As auxinas foram os primeiros horm\u00f4nios de crescimento estudados, e sua descoberta foi feita por Charles Darwin, juntamente com seu filho Francis Darwin. Eles colocaram diversos tipos de plantas, sob uma luz que vem apenas de uma dire\u00e7\u00e3o, e observaram que o lado que ficava sombreado, crescia mais do que o lado que era iluminado, fazendo com que a planta crescesse em dire\u00e7\u00e3o \u00e0 luz. <\/p>\n

Assim, aos poucos vamos entendendo quais as fun\u00e7\u00f5es destes horm\u00f4nios. A principal a\u00e7\u00e3o das auxinas \u00e9 a de crescimento, por alongamento celular. Tamb\u00e9m conclu\u00edmos que este horm\u00f4nio tem um comportamento fotof\u00f3bico. Ou seja, ele \u00e9 difundido na dire\u00e7\u00e3o oposta<\/a> da luz. Na pr\u00e1tica, isso explica porque as plantas que recebem luz de apenas um lado, crescem tortas em dire\u00e7\u00e3o \u00e0 luz. Pois o lado contr\u00e1rio, acaba recebendo mais horm\u00f4nio de crescimento, entortando a planta em dire\u00e7\u00e3o \u00e0 luz. <\/p>\n

Conhecendo essa propriedade das auxinas, lembramos que devemos girar regularmente as plantinhas que crescem pr\u00f3ximo a uma janela, para que elas n\u00e3o cres\u00e7am tortas.<\/p>\n

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Devemos girar as plantinhas que ficam na janela, para que n\u00e3o cres\u00e7am tortas. Foto de Maja Dumat<\/a><\/figcaption><\/figure>\n

Outro papel fundamental das auxinas diz respeito \u00e0 domin\u00e2ncia apical. As plantas respondem com maior crescimento, a um n\u00edvel crescente de auxina, at\u00e9 alcan\u00e7ar um determinado ponto. Quando passa deste ponto, o efeito \u00e9 o contr\u00e1rio, ou seja, elas tem seu crescimento inibido, como pode ser visto no gr\u00e1fico. H\u00e1 um n\u00edvel \u00f3timo de auxina, para se obter um bom crescimento.<\/p>\n

As auxinas s\u00e3o produzidas em todos os \u00f3rg\u00e3os das plantas, mas essa produ\u00e7\u00e3o \u00e9 muito maior na regi\u00e3o dos meristemas. Ou seja, nas gemas de crescimento. E dentre as gemas de crescimento, a que mais produz auxina \u00e9 a do \u00e1pice caulinar. Essa gema<\/a>, na ponta do caule<\/a>, produz tanta auxina, que chega a ser um excesso. Este excesso se difunde para baixo, e inibe o crescimento das gemas laterais dos ramos, mantendo elas em dorm\u00eancia<\/a>. Assim acontece a domin\u00e2ncia apical. Quando cortamos a gema principal, a planta p\u00e1ra de crescer em altura e as gemas laterais podem crescer livremente. Esse conhecimento \u00e9 a base para muitas t\u00e9cnicas de jardinagem<\/a>, como o beliscamento<\/a>, al\u00e9m de diversas podas de forma\u00e7\u00e3o, tanto de pequenas plantas herb\u00e1ceas, como de \u00e1rvores frut\u00edferas. Em frut\u00edferas, o corte da gema apical, produz uma ramagem mais baixa, facilitanto a colheita por exemplo. Ela \u00e9 \u00fatil tamb\u00e9m para a produ\u00e7\u00e3o de estacas e alporques, assim, como t\u00e9cnicas de bonsai, espaldeira, e outras.<\/p>\n

Al\u00e9m desse papel de crescimento e domin\u00e2ncia apical, as auxinas tamb\u00e9m s\u00e3o importantes para o desenvolvimento de caules, ra\u00edzes, frutos e sementes. Dentre as auxinas, a mais frequente no reino vegetal \u00e9 o \u00c1cido<\/a> 3 Indolac\u00e9tico (cuja sigla \u00e9 AIA). Al\u00e9m desta forma, s\u00e3o encontradas outras formas naturais, e como as auxinas tem uma estrutura qu\u00edmica relativamente simples, os cientistas foram capazes de sintetizar uma s\u00e9rie de mol\u00e9culas com atividade aux\u00ednica. Como o \u00e1cido 1-naftaleno-ac\u00e9tico (ANA) e o \u00e1cido indolbut\u00edrico (AIB). Estas auxinas sint\u00e9ticas s\u00e3o largamente utilizadas como horm\u00f4nio enraizador. Geralmente vendidos na forma de talco, com eles podemos estimular o enraizamento de estacas e alporques. Obtendo sucesso na propaga\u00e7\u00e3o<\/a> de plantas, que de outra forma seria muito dif\u00edcil, como \u00e9 o caso da jabuticada. Quem j\u00e1 experimentou fazer estaquia<\/a> ou alporquia<\/a> de uma jabuticabeira sabe do que eu estou falando. Essa esp\u00e9cie<\/a> demora bastante para enraizar naturalmente, mas com o uso dessas auxinas sint\u00e9ticas, o processo \u00e9 muito mais f\u00e1cil e menos demorado, com um \u00edndice de pegamento muito maior. Al\u00e9m da jabuticabeira, podemos facilitar o enraizamento em muitas outras esp\u00e9cies, simplesmente aplicando uma dose dessas auxinas sint\u00e9ticas.<\/p>\n

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\u00c1cido Indolac\u00e9tico<\/figcaption><\/figure>\n

Na multiplica\u00e7\u00e3o<\/a> in vitro, atrav\u00e9s da propaga\u00e7\u00e3o meristem\u00e1tica, as auxinas tem tamb\u00e9m um importante papel, quando desejamos induzir o desenvolvimento de ra\u00edzes ou folhas nas plantas. Como as auxinas promovem o crescimento dos ov\u00e1rios e a forma\u00e7\u00e3o dos frutos, eles podem se desenvolver de forma partenoc\u00e1rpica, com a aplica\u00e7\u00e3o deste horm\u00f4nio, ou seja, sem a poliniza\u00e7\u00e3o<\/a>, com a utiliza\u00e7\u00e3o de auxinas. Produzindo frutos sem sementes, como melancias, tomates ou uvas. Essas auxinas s\u00e3o utilizadas tamb\u00e9m para fazer o raleio<\/a> qu\u00edmico dos frutos, produzindo frutos maiores e reduzindo a altern\u00e2ncia entre as produ\u00e7\u00f5es em laranjeiras, macieiras, pereiras e oliveiras. Ao inv\u00e9s de termos uma produ\u00e7\u00e3o grande num ano, e uma baixa no outro ano, temos produ\u00e7\u00f5es mais regulares e com frutos de melhor qualidade.
\nElas s\u00e3o usadas tamb\u00e9m na produ\u00e7\u00e3o de flores, aumentando o tempo de dura\u00e7\u00e3o de br\u00e1cteas em Bouganv\u00edlias e a dura\u00e7\u00e3o ap\u00f3s a colheita de flores de lisianto, por exemplo.<\/p>\n

Outras auxinas sint\u00e9ticas como o \u00e1cido 2,4-diclorofenoxiac\u00e9tico e o \u00e1cido 2-met\u00f3xi-3,6-diclorobenz\u00f3ico (conhecido comercialmente como Dicamba<\/em>) s\u00e3o utilizadas como herbicidas. Esses herbicidas estimulam o crescimento da planta a um ponto em que ela n\u00e3o consegue suprir com a produ\u00e7\u00e3o de nutrientes e acaba morrendo. Elas s\u00e3o utilizadas como herbicidas seletivos, pois as gram\u00edneas n\u00e3o s\u00e3o t\u00e3o sens\u00edveis a elas. Assim, ao aplicar uma auxina destas em um gramado infestado com trevos por exemplo, os trevos acabam morrendo, enquanto a grama permanece normal. Estas auxinas podem ser perigosas para o meio ambiente<\/a> e t\u00f3xicas. E mesmo que a gente aqui entenda como \u00e9 o funcionamento delas, devemos sempre procurar a orienta\u00e7\u00e3o de um engenheiro agr\u00f4nomo qualificado antes de interferir assim com a natureza, pois poderemos estar prejudicando nossas plantas, nossa pr\u00f3pria sa\u00fade e o meio ambiente.<\/p>\n

No pr\u00f3ximo artigo da s\u00e9rie, vamos falar de giberelinas. At\u00e9 l\u00e1.<\/p>\n

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