![\"\"](\"https:\/\/arteejardim.com.br\/wp-content\/uploads\/2019\/03\/rei-das-gramineas-revista-natureza.jpg\")
<\/p>\nCr\u00e9dito: Shutterstock<\/p>\n<\/div>\n
O bambu \u00e9 uma das plantas mais antigas do planeta e tem tantas hist\u00f3rias quanto utilidades pr\u00e1ticas<\/em><\/span><\/h3>\nTEXTO JANETE TIR<\/strong> | FOTOS <\/span>VAL\u00c9RIO<\/span> ROMAHN<\/strong><\/p>\nPouca gente sabe, mas aquela graminha rasteira que cobre o seu jardim e os altos bambus pertencem \u00e0 mesma fam\u00edlia: as gram\u00edneas. Mais curioso ainda \u00e9 que o bambu \u00e9 uma planta t\u00e3o antiga que reinava na Terra bem antes da pr\u00f3pria humanidade. Segundo estudos de paleontologia, essa gram\u00ednea serviu de alimento para dinossauros do per\u00edodo Cret\u00e1ceo, entre 65 e 136 milh\u00f5es de anos.
Dispon\u00edvel em grande quantidade sem a necessidade de cultivo, resistente e dur\u00e1vel, o bambu era facilmente transformado em tudo o que o homem primitivo necessitava. Foi usado para construir casas, pontes e utens\u00edlios dom\u00e9sticos (como tigelas e cumbucas); para servir alimentos e transportar \u00e1gua; na confec\u00e7\u00e3o de m\u00f3veis, sand\u00e1lias, chap\u00e9us, cestas, ferramentas\u2026<\/p>\n
![\"\"](\"https:\/\/arteejardim.com.br\/wp-content\/uploads\/2019\/03\/1551794838_420_rei-das-gramineas-revista-natureza.jpg\")
<\/p>\nBambusa ventricosa<\/em>: entouceirante com entren\u00f3s verdes que formam \u201cbarrigas\u201d. Ornamental, tem porte de 20 m<\/p>\n<\/div>\nPara os indianos, o bambu simboliza a amizade. Na China, est\u00e1 ligado \u00e0 longevidade. J\u00e1 os japoneses acreditam que uma barreira de bambus \u00e9 sagrada e protege contra o mal. Os vietnamitas, por sua vez, comparam a propaga\u00e7\u00e3o do bambu \u00e0 renova\u00e7\u00e3o de gera\u00e7\u00f5es, porque de onde \u00e9 cortada uma planta, logo nascem v\u00e1rias, com rapidez impressionante. Os asi\u00e1ticos tamb\u00e9m usam lendas ligadas ao bambu para explicar o surgimento do ser humano na Terra. Segundo eles, o primeiro homem e a primeira mulher nasceram do colmo (n\u00f3s) de um bambu.<\/p>\n
A explica\u00e7\u00e3o etimol\u00f3gica da palavra \u201cbambu\u201d \u00e9 um enigma que at\u00e9 hoje n\u00e3o foi solucionado. Uma teoria \u00e9 de que a planta era chamada de mambu<\/em> ou samamb<\/em>u em marata, uma l\u00edngua oficial da \u00cdndia, e que, por um erro de pron\u00fancia, virou \u201cbambu\u201d.<\/p>\nNo mundo existem 1.200 esp\u00e9cies de bambu, sendo que 470 est\u00e3o nas Am\u00e9ricas. As esp\u00e9cies nativas ocorrem nas matas, por\u00e9m as mais encontradas em s\u00edtios e fazendas geralmente s\u00e3o ex\u00f3ticas oriundas do oriente (China e \u00cdndia). As mais frequentes no Brasil s\u00e3o a Bambusa tuldoides<\/em>, a Bambusa vulgaris<\/em> (ambas provenientes da\u00a0\u00cdndia e com porte m\u00e9dio de 30 m de altura) e os guaduas (nativos da regi\u00e3o equatorial e com porte de 30 m). Mas tanto existem esp\u00e9cies gigantes (com mais 40 m de altura e 50 cm de di\u00e2metro) quanto outras que n\u00e3o passam de 15 cm. E, cada vez mais, o mercado brasileiro come\u00e7a a receber novas op\u00e7\u00f5es. Basta ver os curiosos bambus mostrados ao longo dessas p\u00e1ginas.<\/p>\nO florescimento deles \u00e9 igual ao de\u00a0todas as gram\u00edneas, mas muito raro. H\u00e1 bambus que demoram at\u00e9 120 anos para florescer.<\/p>\n
![\"\"](\"https:\/\/arteejardim.com.br\/wp-content\/uploads\/2019\/03\/1551794838_729_rei-das-gramineas-revista-natureza.jpg\")
<\/p>\nGuadua angustifolia<\/em>: \u00e9 entouceirante e atinge 30 m de altura. Apresenta cor verde intensa e faixa branca nos entren\u00f3s<\/p>\n<\/div>\nMADEIRA DO FUTURO<\/span><\/h3>\nO bambu entrou para o Guinness Book, o livro dos recordes, porque o Dendrocalamus giganteus<\/em> tem o crescimento mais r\u00e1pido do mundo: 1 m por dia. Devido a esse desenvolvimento acelerado, as plantas s\u00e3o consideradas uma boa alternativa \u00e0 madeira em algumas ind\u00fastrias. A de papel \u00e9 um exemplo. Segundo especialistas, o papel obtido a partir do bambu \u00e9 t\u00e3o bom quando o extra\u00eddo da madeira e ainda tem a vantagem de ser mais barato. Tamb\u00e9m \u00e9 \u00fatil nas ind\u00fastria de pisos laminados e na de constru\u00e7\u00e3o de casas, uma vez que \u00e9 muito resistente. Mas ainda falta mat\u00e9ria-prima \u2013 ou seja, a tradi\u00e7\u00e3o de se criar planta\u00e7\u00f5es profissionais\u00a0bambu \u2013 que impulsione a sua industrializa\u00e7\u00e3o.<\/p>\n![\"\"](\"https:\/\/arteejardim.com.br\/wp-content\/uploads\/2019\/03\/1551794839_482_rei-das-gramineas-revista-natureza.jpg\")
<\/p>\nDendrocalamus giganteus<\/em>: o maior bambu existente. Entouceirante, ele atinge at\u00e9 40 m de altura e 50 cm de di\u00e2metro<\/p>\n<\/div>\n\u201cNo Brasil n\u00e3o temos uma \u00e1rea vultosa de bambu para uso industrial. S\u00e3o apenas 40 mil hectares no Maranh\u00e3o, usados por uma empresa que produz papel\u201d, diz Marco Antonio dos Reis Pereira, engenheiro agr\u00f4nomo e coautor do livro Bambu de Corpo e Alma. \u201cNo Acre existem 5 milh\u00f5es de hectares de bambu nativo, mas como ele est\u00e1 misturado \u00e0 floresta, \u00e9 praticamente inacess\u00edvel\u201d, complementa. Os produtos industrializados \u00e0 venda no mercado s\u00e3o caros porque s\u00e3o importados da China. \u201cMas poderiam ser barateados se houvesse investimento nesse mercado\u201d, afirma o engenheiro agr\u00f4nomo.<\/p>\n
O mercado de paisagismo tem recebido diversos tipos de bambus ornamentais. \u201cSua utiliza\u00e7\u00e3o no jardim \u00e9 vasta. Nos \u00faltimos anos, passamos de tr\u00eas esp\u00e9cies para 13 em nossa lista de produtos\u201d, explica\u00a0Ricardo Carvalho Neuding, viveirista do S\u00edtio da Mata, que vende bambus h\u00e1 mais de 12 anos.<\/p>\n
\u00a0<\/p>\n
AJUDA AO PLANETA<\/span><\/h3>\nO bambu tamb\u00e9m est\u00e1 na mira de ambientalistas que estudam possibilidade de us\u00e1-lo na despolui\u00e7\u00e3o do ar. Como ele sequestra di\u00f3xido de carbono\u00a0do ar com tanta efici\u00eancia quanto uma \u00e1rvore, foi inclu\u00eddo no Protocolo de Kyoto como uma das medidas para a redu\u00e7\u00e3o da emiss\u00e3o de gases causadores do efeito estufa. \u201cComo os colmos do bambu brotam e crescem depressa, usam mais carbono da atmosfera\u201d, diz Marco Antonio dos Reis Pereira.<\/p>\n
Estudos mostram que certas esp\u00e9cies de bambu captam at\u00e9 tr\u00eas vezes mais carbono do que as \u00e1rvores e, com isso, devolvem ao ar uma quantidade maior de oxig\u00eanio. Al\u00e9m disso, a planta contribui para a melhora do clima pois absorve muita \u00e1gua e tamb\u00e9m para a conten\u00e7\u00e3o de encostas de rios, j\u00e1 que apresenta muitas ra\u00edzes.<\/p>\n
![\"\"](\"https:\/\/arteejardim.com.br\/wp-content\/uploads\/2019\/03\/1551794839_431_rei-das-gramineas-revista-natureza.jpg\")
<\/p>\nA utiliza\u00e7\u00e3o do bambu em paisagismo tamb\u00e9m \u00e9 ampla. Aqui, o Bambusa metake<\/em> \u2018Variegata\u2019 aparece formando uma moita muito escultural no jardim. O destaque \u00e9 o desenho de sua folhagem<\/p>\n<\/div>\nCOMO CULTIVAR<\/span><\/h3>\nOs bambus seguem basicamente dois comportamentos. H\u00e1 os que apresentam rizomas leptomorfos que s\u00e3o alastrantes e os com rizomas paquimorfos que formam moitas localizadas. Esse \u00faltimo tipo, os entouceirantes, tem colmos bem unidos e n\u00e3o provocam invas\u00f5es. Dois exemplos s\u00e3o o Dendrocalamus giganteus<\/em> e o\u00a0Bambusa vulgaris<\/em>. Para conter o crescimento dos bambus alastrantes \u00e9 preciso criar barreiras com 50 cm de profundidade. Um exemplo de bambu alastrante \u00e9 o bambu-moss\u00f4 (Phyllostachys pubescens<\/em>).<\/p>\nPor se tratar de uma gram\u00ednea, tem sistema radicular muito resistente e preparado para sucessivos cortes na parte a\u00e9rea. \u201cPara se ter uma ideia de sua capacidade de regenera\u00e7\u00e3o, o \u00fanico ser vivo no epicentro da bomba de Hiroshima que, depois de 15 dias da explos\u00e3o, deu sinal de vida foi uma touceira de bambus rec\u00e9m-brotada\u201d, conta Danilo Candia, engenheiro agr\u00f4nomo da empresa Bambu Carbono Zero.<\/p>\n
A reprodu\u00e7\u00e3o do bambu \u00e9 feita por propaga\u00e7\u00e3o vegetativa com as partes a\u00e9reas (colmos ou ramos laterais), subterr\u00e2neas (rizomas) ou com as duas juntas, dependendo da esp\u00e9cie. A planta n\u00e3o \u00e9 muito exigente quanto ao solo. O plantio normalmente \u00e9 feito em covas de 40 cm de profundidade com uma mistura de 300 g de calc\u00e1rio dolom\u00edtico, 150 g de superfosfato simples, 150 g de cloreto de pot\u00e1ssio e 20 litros de esterco de curral curtido por cova.<\/p>\n
As regas devem ser di\u00e1rias at\u00e9 o pegamento e, para conservar a umidade do solo, \u00e9 bom cobrir a cova com palha seca. O espa\u00e7amento entre mudas varia conforme a esp\u00e9cie. Se for um bambu de pequeno porte, \u00e9 preciso deixar 1 m entre uma muda e\u00a0outra. Para as esp\u00e9cies gigantes, s\u00e3o recomendados entre 1 m e 3 m.<\/p>\n
A aduba\u00e7\u00e3o deve ser anual. \u201cEm solos pouco f\u00e9rteis pode-se usar NPK 20-20-20 duas vezes ao ano na base de 200 g por m\u00b2. Outra dica \u00e9 acrescentar 20 kg esterco de gado por m\u00b2 ao ano\u201d, ensina Candia. A \u00e9poca de retirada dos colmos depende do uso que se pretende dar ao bambu. Quem planeja saborear iguarias com brotos de bambu deve colher com 30 dias. Se a inten\u00e7\u00e3o \u00e9 fabricar cestas, o corte deve acontecer entre seis meses e um ano ap\u00f3s o plantio. J\u00e1 as esteiras ou ripas s\u00e3o feitas com colmos de dois anos. Para a constru\u00e7\u00e3o de casas, telhados e para a ind\u00fastria de pisos laminados, o bambu s\u00f3 deve ser cortado depois de maduro, com tr\u00eas anos ou mais.<\/p>\n
A forma de cortar \u00e9 decisiva para sa\u00fade da touceira. Segundo o livro Bambu de Corpo e Alma, as esp\u00e9cies alastrantes, com rizomas protegidos pela terra, podem ser cortadas rentes. As entouceiradas devem ser cortadas a 20 cm do solo e logo acima de um n\u00f3, para evitar o ac\u00famulo de \u00e1gua na parte que ficou do colmo e o consequente apodrecimento. Esses cuidados ajudam na colheita do bambu e no bom desenvolvimento da planta.<\/p>\n
![\"\"](\"https:\/\/arteejardim.com.br\/wp-content\/uploads\/2019\/03\/1551794840_204_rei-das-gramineas-revista-natureza.jpg\")
<\/p>\nO Bambusa gracilis \u00e9 uma esp\u00e9cie muito ornamental e fica bem formando maci\u00e7os pr\u00f3ximos a muros<\/p>\n<\/div>\n
BAMBU EM DETALHES<\/span><\/h3>\n\n- \u00a0Nomes populares:<\/span><\/strong> bambu (portugu\u00eas, espanhol e italiano); bambus (alem\u00e3o); bambou (franc\u00eas); bamboo, common bamboo (ingl\u00eas); bans, kapura, magar (hindu), chuk-kwangchukan, k\u2019u-chu, t\u2019ien-chu-nuang, t\u2019ien-chu-yuen (chin\u00eas)<\/li>\n
- Fam\u00edlia:<\/strong><\/span> gram\u00edneas (po\u00e1ceas)<\/li>\n
- Origem:<\/strong><\/span> quase o mundo todo, em especial na China, \u00cdndia e Jap\u00e3o, com exce\u00e7\u00e3o da Europa<\/li>\n
- Flores:<\/strong><\/span> s\u00e3o raras e algumas demoram mais de 100 anos para aparecer. Determinadas esp\u00e9cies consomem tantaenergia para a flora\u00e7\u00e3o que podem morrer.<\/li>\n
- Folhas:<\/span><\/strong> s\u00e3o formadas em ramifica\u00e7\u00f5es laterais dos colmos e podem viver por at\u00e9 dois anos.<\/li>\n
- Plantio:<\/span><\/strong> em covas de 50 cm de profundidade com uma mistura de 300 g de calc\u00e1rio dolom\u00edtico, 150 g de superfosfato simples, 150 g de cloreto de pot\u00e1ssio e 20 litros de esterco de curral curtido<\/li>\n
- Luz:<\/strong><\/span> sol pleno<\/li>\n
- Solo:<\/span><\/strong> suporta todos os tipos<\/li>\n
- Clima:<\/strong><\/span> tropical, subtropical e temperado<\/li>\n
- Regas:<\/span><\/strong> frequentes<\/li>\n
- Podas:<\/span><\/strong> depende do fim a que se destina. Para comer, os brotos devem ser cortados ap\u00f3s 30 dias. J\u00e1 o bambu usado na ind\u00fastria s\u00f3 pode ser cortado ap\u00f3s os tr\u00eas anos.<\/li>\n
- Aduba\u00e7\u00e3o:<\/span><\/strong> NPK 20-20-20 e sulfato de am\u00f4nia duas vezes ao ano; esterco de gado uma vez ao ano.<\/li>\n
- Propaga\u00e7\u00e3o:<\/span><\/strong> estaquia, divis\u00e3o de touceiras ou rizomas.<\/li>\n<\/ul>\n<\/div>\n
Pouca gente sabe, mas aquela graminha rasteira que cobre o seu jardim e os altos bambus pertencem \u00e0 mesma fam\u00edlia: as gram\u00edneas. Mais curioso ainda \u00e9 que o bambu \u00e9 uma planta t\u00e3o antiga que reinava na Terra bem antes da pr\u00f3pria humanidade. Segundo estudos de paleontologia, essa gram\u00ednea serviu de alimento para dinossauros do per\u00edodo Cret\u00e1ceo, entre 65 e 136 milh\u00f5es de anos.
Dispon\u00edvel em grande quantidade sem a necessidade de cultivo, resistente e dur\u00e1vel, o bambu era facilmente transformado em tudo o que o homem primitivo necessitava. Foi usado para construir casas, pontes e utens\u00edlios dom\u00e9sticos (como tigelas e cumbucas); para servir alimentos e transportar \u00e1gua; na confec\u00e7\u00e3o de m\u00f3veis, sand\u00e1lias, chap\u00e9us, cestas, ferramentas\u2026<\/p>\n
<\/p>\nBambusa ventricosa<\/em>: entouceirante com entren\u00f3s verdes que formam \u201cbarrigas\u201d. Ornamental, tem porte de 20 m<\/p>\n<\/div>\n Para os indianos, o bambu simboliza a amizade. Na China, est\u00e1 ligado \u00e0 longevidade. J\u00e1 os japoneses acreditam que uma barreira de bambus \u00e9 sagrada e protege contra o mal. Os vietnamitas, por sua vez, comparam a propaga\u00e7\u00e3o do bambu \u00e0 renova\u00e7\u00e3o de gera\u00e7\u00f5es, porque de onde \u00e9 cortada uma planta, logo nascem v\u00e1rias, com rapidez impressionante. Os asi\u00e1ticos tamb\u00e9m usam lendas ligadas ao bambu para explicar o surgimento do ser humano na Terra. Segundo eles, o primeiro homem e a primeira mulher nasceram do colmo (n\u00f3s) de um bambu.<\/p>\n A explica\u00e7\u00e3o etimol\u00f3gica da palavra \u201cbambu\u201d \u00e9 um enigma que at\u00e9 hoje n\u00e3o foi solucionado. Uma teoria \u00e9 de que a planta era chamada de mambu<\/em> ou samamb<\/em>u em marata, uma l\u00edngua oficial da \u00cdndia, e que, por um erro de pron\u00fancia, virou \u201cbambu\u201d.<\/p>\n No mundo existem 1.200 esp\u00e9cies de bambu, sendo que 470 est\u00e3o nas Am\u00e9ricas. As esp\u00e9cies nativas ocorrem nas matas, por\u00e9m as mais encontradas em s\u00edtios e fazendas geralmente s\u00e3o ex\u00f3ticas oriundas do oriente (China e \u00cdndia). As mais frequentes no Brasil s\u00e3o a Bambusa tuldoides<\/em>, a Bambusa vulgaris<\/em> (ambas provenientes da\u00a0\u00cdndia e com porte m\u00e9dio de 30 m de altura) e os guaduas (nativos da regi\u00e3o equatorial e com porte de 30 m). Mas tanto existem esp\u00e9cies gigantes (com mais 40 m de altura e 50 cm de di\u00e2metro) quanto outras que n\u00e3o passam de 15 cm. E, cada vez mais, o mercado brasileiro come\u00e7a a receber novas op\u00e7\u00f5es. Basta ver os curiosos bambus mostrados ao longo dessas p\u00e1ginas.<\/p>\n O florescimento deles \u00e9 igual ao de\u00a0todas as gram\u00edneas, mas muito raro. H\u00e1 bambus que demoram at\u00e9 120 anos para florescer.<\/p>\n Guadua angustifolia<\/em>: \u00e9 entouceirante e atinge 30 m de altura. Apresenta cor verde intensa e faixa branca nos entren\u00f3s<\/p>\n<\/div>\n O bambu entrou para o Guinness Book, o livro dos recordes, porque o Dendrocalamus giganteus<\/em> tem o crescimento mais r\u00e1pido do mundo: 1 m por dia. Devido a esse desenvolvimento acelerado, as plantas s\u00e3o consideradas uma boa alternativa \u00e0 madeira em algumas ind\u00fastrias. A de papel \u00e9 um exemplo. Segundo especialistas, o papel obtido a partir do bambu \u00e9 t\u00e3o bom quando o extra\u00eddo da madeira e ainda tem a vantagem de ser mais barato. Tamb\u00e9m \u00e9 \u00fatil nas ind\u00fastria de pisos laminados e na de constru\u00e7\u00e3o de casas, uma vez que \u00e9 muito resistente. Mas ainda falta mat\u00e9ria-prima \u2013 ou seja, a tradi\u00e7\u00e3o de se criar planta\u00e7\u00f5es profissionais\u00a0bambu \u2013 que impulsione a sua industrializa\u00e7\u00e3o.<\/p>\n Dendrocalamus giganteus<\/em>: o maior bambu existente. Entouceirante, ele atinge at\u00e9 40 m de altura e 50 cm de di\u00e2metro<\/p>\n<\/div>\n \u201cNo Brasil n\u00e3o temos uma \u00e1rea vultosa de bambu para uso industrial. S\u00e3o apenas 40 mil hectares no Maranh\u00e3o, usados por uma empresa que produz papel\u201d, diz Marco Antonio dos Reis Pereira, engenheiro agr\u00f4nomo e coautor do livro Bambu de Corpo e Alma. \u201cNo Acre existem 5 milh\u00f5es de hectares de bambu nativo, mas como ele est\u00e1 misturado \u00e0 floresta, \u00e9 praticamente inacess\u00edvel\u201d, complementa. Os produtos industrializados \u00e0 venda no mercado s\u00e3o caros porque s\u00e3o importados da China. \u201cMas poderiam ser barateados se houvesse investimento nesse mercado\u201d, afirma o engenheiro agr\u00f4nomo.<\/p>\n O mercado de paisagismo tem recebido diversos tipos de bambus ornamentais. \u201cSua utiliza\u00e7\u00e3o no jardim \u00e9 vasta. Nos \u00faltimos anos, passamos de tr\u00eas esp\u00e9cies para 13 em nossa lista de produtos\u201d, explica\u00a0Ricardo Carvalho Neuding, viveirista do S\u00edtio da Mata, que vende bambus h\u00e1 mais de 12 anos.<\/p>\n \u00a0<\/p>\n O bambu tamb\u00e9m est\u00e1 na mira de ambientalistas que estudam possibilidade de us\u00e1-lo na despolui\u00e7\u00e3o do ar. Como ele sequestra di\u00f3xido de carbono\u00a0do ar com tanta efici\u00eancia quanto uma \u00e1rvore, foi inclu\u00eddo no Protocolo de Kyoto como uma das medidas para a redu\u00e7\u00e3o da emiss\u00e3o de gases causadores do efeito estufa. \u201cComo os colmos do bambu brotam e crescem depressa, usam mais carbono da atmosfera\u201d, diz Marco Antonio dos Reis Pereira.<\/p>\n Estudos mostram que certas esp\u00e9cies de bambu captam at\u00e9 tr\u00eas vezes mais carbono do que as \u00e1rvores e, com isso, devolvem ao ar uma quantidade maior de oxig\u00eanio. Al\u00e9m disso, a planta contribui para a melhora do clima pois absorve muita \u00e1gua e tamb\u00e9m para a conten\u00e7\u00e3o de encostas de rios, j\u00e1 que apresenta muitas ra\u00edzes.<\/p>\n A utiliza\u00e7\u00e3o do bambu em paisagismo tamb\u00e9m \u00e9 ampla. Aqui, o Bambusa metake<\/em> \u2018Variegata\u2019 aparece formando uma moita muito escultural no jardim. O destaque \u00e9 o desenho de sua folhagem<\/p>\n<\/div>\n Os bambus seguem basicamente dois comportamentos. H\u00e1 os que apresentam rizomas leptomorfos que s\u00e3o alastrantes e os com rizomas paquimorfos que formam moitas localizadas. Esse \u00faltimo tipo, os entouceirantes, tem colmos bem unidos e n\u00e3o provocam invas\u00f5es. Dois exemplos s\u00e3o o Dendrocalamus giganteus<\/em> e o\u00a0Bambusa vulgaris<\/em>. Para conter o crescimento dos bambus alastrantes \u00e9 preciso criar barreiras com 50 cm de profundidade. Um exemplo de bambu alastrante \u00e9 o bambu-moss\u00f4 (Phyllostachys pubescens<\/em>).<\/p>\n Por se tratar de uma gram\u00ednea, tem sistema radicular muito resistente e preparado para sucessivos cortes na parte a\u00e9rea. \u201cPara se ter uma ideia de sua capacidade de regenera\u00e7\u00e3o, o \u00fanico ser vivo no epicentro da bomba de Hiroshima que, depois de 15 dias da explos\u00e3o, deu sinal de vida foi uma touceira de bambus rec\u00e9m-brotada\u201d, conta Danilo Candia, engenheiro agr\u00f4nomo da empresa Bambu Carbono Zero.<\/p>\n A reprodu\u00e7\u00e3o do bambu \u00e9 feita por propaga\u00e7\u00e3o vegetativa com as partes a\u00e9reas (colmos ou ramos laterais), subterr\u00e2neas (rizomas) ou com as duas juntas, dependendo da esp\u00e9cie. A planta n\u00e3o \u00e9 muito exigente quanto ao solo. O plantio normalmente \u00e9 feito em covas de 40 cm de profundidade com uma mistura de 300 g de calc\u00e1rio dolom\u00edtico, 150 g de superfosfato simples, 150 g de cloreto de pot\u00e1ssio e 20 litros de esterco de curral curtido por cova.<\/p>\n As regas devem ser di\u00e1rias at\u00e9 o pegamento e, para conservar a umidade do solo, \u00e9 bom cobrir a cova com palha seca. O espa\u00e7amento entre mudas varia conforme a esp\u00e9cie. Se for um bambu de pequeno porte, \u00e9 preciso deixar 1 m entre uma muda e\u00a0outra. Para as esp\u00e9cies gigantes, s\u00e3o recomendados entre 1 m e 3 m.<\/p>\n A aduba\u00e7\u00e3o deve ser anual. \u201cEm solos pouco f\u00e9rteis pode-se usar NPK 20-20-20 duas vezes ao ano na base de 200 g por m\u00b2. Outra dica \u00e9 acrescentar 20 kg esterco de gado por m\u00b2 ao ano\u201d, ensina Candia. A \u00e9poca de retirada dos colmos depende do uso que se pretende dar ao bambu. Quem planeja saborear iguarias com brotos de bambu deve colher com 30 dias. Se a inten\u00e7\u00e3o \u00e9 fabricar cestas, o corte deve acontecer entre seis meses e um ano ap\u00f3s o plantio. J\u00e1 as esteiras ou ripas s\u00e3o feitas com colmos de dois anos. Para a constru\u00e7\u00e3o de casas, telhados e para a ind\u00fastria de pisos laminados, o bambu s\u00f3 deve ser cortado depois de maduro, com tr\u00eas anos ou mais.<\/p>\n A forma de cortar \u00e9 decisiva para sa\u00fade da touceira. Segundo o livro Bambu de Corpo e Alma, as esp\u00e9cies alastrantes, com rizomas protegidos pela terra, podem ser cortadas rentes. As entouceiradas devem ser cortadas a 20 cm do solo e logo acima de um n\u00f3, para evitar o ac\u00famulo de \u00e1gua na parte que ficou do colmo e o consequente apodrecimento. Esses cuidados ajudam na colheita do bambu e no bom desenvolvimento da planta.<\/p>\n O Bambusa gracilis \u00e9 uma esp\u00e9cie muito ornamental e fica bem formando maci\u00e7os pr\u00f3ximos a muros<\/p>\n<\/div>\n<\/p>\nMADEIRA DO FUTURO<\/span><\/h3>\n
<\/p>\nAJUDA AO PLANETA<\/span><\/h3>\n
<\/p>\nCOMO CULTIVAR<\/span><\/h3>\n
<\/p>\nBAMBU EM DETALHES<\/span><\/h3>\n
\n